sexta-feira, 27 de agosto de 2010

ICE T








Em 1994 o Ice T escreveu um livro intitulado, “Who Gives a Fuck?”, que traduzido para português pelos tradutores da nossa televisão significa “Quem quer saber?”
Era esta cena que eu estava a ler no intervalo do trabalho, porque isto de escrever criticas musicais não dá dinheiro no nosso país; nem para ir aos concertos. Foi aí que me lembrei de escrever sobre este senhor que até é um dos meus idolos.
Bem, então o Ice T nasceu em 16 de Fevereiro de 1958 e é reconhecido por ser músico rap. Antes, do tempo dos gangs rap, era conhecido por Kop Killa, traduzido de uma forma agradável, o Assassino de Chuis.
Os seus temas foram sempre carregados de violencia e dureza, asneiredo, prostituição, drogas, pronto, recheadas de verdadeiro American life stile.
Embora tenha já participado em dezenas de filmes e séries de televisão, onde me parece mais estável é no Lei e Ordem, Law & Order: Special Victims Unit, que passa num canal de cabo e que foi para o ar a partir de 2000. Nessa série faz o papel do detective Odafin "Fin" Tutuola. Claro que o que eu mais gosto é quando ele desata a abrir nos mausões.
Ups, esqueci de começar por vos contar que o nome dele é Tracy Morrow. Os pais, o Salomão e a Alice viviam em Newark, nos suburbios, é claro. Entretanto ainda ele era pequeno quando os pais foram viver para Summit, na mesma no Estado de New Jersey. Quando ele andava na terceira classe, a mãe morreu de ataque cardiaco. Quando ele andava no sétimo ano, o pai, para variar, morreu de ataque cardiaco. Já agora, a mãe era mestiça e o pai criôlo. Na realidade é quase o mesmo mas por isso é que ele ficou com aquele tom de pele a que os senhores norte americanos chamam de afro americano.
Este texto é uma espécie de rima branca aplicada à prosa; fixe.
Depois do pai morrer, o Tracy foi viver com a tia pelo lado desse pai, para Los Angeles tendo ido para uma escolinha daquelas ... Crenshaw High School in South Central Los Angeles. Devo referir que nos piores momentos do tema Born Dead, Nascido Morto, da Banda Conta Cadaveres, ele cita South Central como um dos locais possíveis para tal facto; o do titulo da canção.
Bem, mas antes disso ele passou por uma experiencia que não gostou. Foi passar quatro anos na tropa, no 25 de Infantaria. Antes da tropa tinha tido uma relação com uma “Born Latina”, que lhe serviu para a capa dos dois primeiros albuns. Ao ver as capas andei a tentar contar pelos dedos as peças de roupa que ela trás vestidas... mas que a fulana é muito gira, é.






A "Born Latina" é esta aqui...




Fui vasculhar no MySpace dela e uau. Bem ele e ela fizeram alguma ginástica e tiveram um filho que nasceu em 1992. Entretanto em 2005 o Ice T tornou a casar com uma rapariga literalmente despida, desta vez um modelo de fatos de banho, que fazem lembrar moda para praias de nudismo, a Nicole “Coco Marie” Austin.


Pá, nem resisto a por uma foto do Mr T na praia... this stuff is goood.

Desde 1984 que ele escrevia Rap, mas foi em 1986 quando Seymour Stein, que devia estar bebado, o comparou com Bob Dilan. Assim o Ice T entra para a editora Sire Records. No ano seguinte sai Rhyme Pays, patrocinado por um grupo de senhores afro americanos, o DJ Evil E, o DJ Alladin e produzido pelo Africa Islam, que o orientou no som. O disco foi imediatamente disco de ouro. Atenção que na America é preciso vender muito mais que o Emanuel para ser disco de ouro.
Nesse mesmo ano o grande realizador Dennis Hopper convida-o para fazer um tema para o filme Colors, um filme sobre a vida “interior” de Los Angeles.
Em 1988 lança o primeiro album da sua própria editora, a Rhyme Sindicate.
The Iceberg / Freedom of Speech Just Watch What You Say é um hino de discurso, cor, rima, abrasividade, choque, realidade sem limite ou rodeios.
Este album estabeleceu definitivamente o seu nome.
Em 1991 O.G. Original Gangster vai subverter ainda mais o sistema já que com este album ele vai criar a definição do “gangster rapper”. É neste trabalho que aparece pela primeira vez a sua banda de suporte, os Body Count, classificados como de heavy metal.
O primeiro tour de Ice T com a banda é em 1991. É a partir daí que rompe com a sua conotação expressa de rapper negro, encontrando uma nova série de fãns no meio dos jovens brancos da classe média.
Participa com um monte de músicos de áreas diversas no projecto "Back on the Block", uma ideia do Quincy Jones, para colocar diversos tipos de som a actuar em conjunto. Ganha um Grammy na classe de melhor interpretação de rap em duo, num tema onde participam até Ray Charles e o próprio Quicy Jones.
Quase que se trama por causa do tema Cop Killer por causa da controvésia gerada pelo tema sobre o envolvimento da policia e sua consequente acusação num caso de brutalidade racista. Por causa disso a Time Warner recusa a publicação de um novo album. Assim, para resolver a situação, reactiva a sua editora, a Rhyme, e produz o disco com o apoio da Priority Records que trata da distribuição. É assim que Home Invation vê a luz do dia.
Na Billboard Magazine o disco salta imediatamente para nono lugar na classe de R&B/Hip Hop.
O Ice ainda tocou com bandas de Metal e no Final Judgment Night fez um dueto com Slayer. Também participou em trabalhos dos Black Sabbath.
Na capa do novo album de 2006, Gangsta Rap, o primeiro desde 1999, aparece na capa com a nova mulher, a tal do fato de banho eventual, com uma das pernas em cima dele, numa forma considerada pelos americas como “sugestiva”... Isso levou uma vez mais a umas dificuldades de distribuição. Afinal é normal de um povo a quem a educação não permite este tipo de imagens mas tens sites onde filhos tem sexo com as mães...
Mesmo assim as criticas foram brutais, eu comprei e gostei mesmo.
Já tou farta de escrever mas o De Andre Cortez fez um trabalho, Crank That, que o Ice criticou à brava por ser uma bostada destruidora do Hip Hop quando comparada com trabalhos de Rakim, Das EFX, Big Daddy Kane and Ice Cube .
Puf ! ... e sabiam que em Julho o Ice T, por ir a conduzir o carro em Nova Iorque à pressa para levar o cão ao veterinário, foi preso por andar sem cinto de segurança?
No que diz respeito à sua posição politica é importante o momento em que se manifestou abertamente contra a CIA no seu envolvimento com o tráfego de droga no escandalo Iran Contra, bem como no que diz respeito à Guerra do Golfo, ou à invasão do Iraque.
Embora não entenda as virtudes de viver no Gheto, mesmo assim nunca foi propriamente um apologista de o deixar, criticando até pontos de vista do Ice Cube que acha que é mesmo preciso sair.
Embora nos motins de Los Angeles a sua participação como mediador do conflito tenha sido essencial para o entendimento dos gangs que durante dias lutaram entre si, com a polícia, e aproveitaram para sacar e destruir alguns bairros, a sua atitude politica abrandou depois de escrever em 1994 o tema Born Dead, lançado no álbum dos Body Count nesse mesmo ano e já referi.
Xô! Acabou

Desta vez até ponho a história aqui antes de sair no jornal, não vá a censura caír-me em cima; kool

terça-feira, 24 de agosto de 2010

DEEP PURPLE


Coelho Branco

Queria entender o que é o metal. Queria um professor que não fosse ignorante, ensinado por outros ignorantes; desprovido de vontade em saber.
Não é diferente de tudo o resto que se aprende na Escola. Se tenho professores que não tem interesses, objectivos ou saibam que a cultura é um alimento, não sei o que possa esperar.
Bem, andava a vaguear à procura de músicas mais antigas quando me lembrei que independentemente do seu valor, Beatles e Rolling Stones não são nem os maiores nem os únicos do tempo em que o meu pai era um puto.
Cresci rodeada de música. Sem contar os clássicos e os centos de cds de metal e rock pesado, há vinil em vários formatos e uma coisa que também é interessante e que tem que ser levado em conta; as capas dos albuns.
Discos dos Pink Floyd, Deep Purple, Led Zeppelin, são obras de arte de imagem. Mas nesta imagem toda há algo que é a identidade de um tempo em que não havia xtc, mas havia “ácidos” e o movimento psicadélico tinha tomado conta deste lado do mundo.
Os anos cinquenta tinham sido limitados. Tirando a guerra da Coreia, o mundo ainda se refazia da Segunda Guerra Mundial.
O Bill Haley com Rock Around The Clock quinze anos antes tinha feito uma música que achava impossivel de dançar. O Jerry Lee Lewis, o Chuck Berry ou o Little Richard, eram meio twist, meio soul mas eles eram os, digamos, sobreviventes da Grande Guerra, e não os seus filhos.
A geração que nasce ou começa a crescer nessa época é que vai ser o princípio de um ciclo que é o que considero o do verdadeiro rock.
Nos Estados Unidos houve uma banda que tem a ver com as músicas que o meu pai punha a tocar para eu adormecer, os Jefferson Airplane. Tinham uma vocalista que ele achava especialmente bela e que cantava entre outras uma canção chamada White Rabit. A letra era algo como…
One pill makes you larger, and one pill makes you small
Um comprimido pôe na maior e outro pequenino
And the ones that mother gives you, don't do anything at all…
Os que a tua mãe te dá não fazem nada…
… When the men on the chessboard get up and tell you where to go
… Quando os homens do tabuleiro do Xadrêz se levantam e te dizem para onde ir
And you've just had some kind of mushroom, and your mind is moving low…
E comeste uma espécie qualquer de cogumelo, a tua cabeça está a andar de vagar…

O melhor é mudar de assunto e falar de outros seres que começaram a sua história precisamente por essa altura, e que já aqui referi umas linhas acima…

Deep Purple

No Jornal para onde escrevo há um rapaz que é quem trata da saúde aos computadores da empresa. Segundo o senhor coordenador desse Jornal os Deep Purple são provavelmente a sua banda favorita e há tempo ele terá perguntado para quando um artigo sobre esta mítica banda Inglesa. Por isso em honra do Mr. Fernando Cosme, cá vai o que sei ou penso sobre os Purple. Seja lá como seja, ainda não sabia ler e já os ouvia... depois ouvi a comer gelados, mais tarde com cigarros e alcoól, e sempre me soube muito bem.

A banda nasce em 1967 por causa de um baterista, o Chris Curtis que criou uma espécie de banda a que chamou Roundabout. A intenção dele era convidar diversos elementos a tocarem com ele meio à vez.
Uma das pessoas a desde o início gostar especialmente da ideia foi o Jon Lord que era teclista e estava na mesma banda do Chris, os The Flowerpot Men.
Portanto enquanto a ideia germinava, iam-se reunindo os elementos para a concretização da ideia de rodar pessoal por essa banda base. Tudo teria corrido bem de não fosse o Chris andar a decorar o apartamento usando papel de alumínio para as paredes. Entretanto houve um dia que não sei o que lhe aconteceu. Puf; desapareceu.
É por essa altura que aparece um senhor chamado Ritchie Blackmore, que era guitarrista e que tinha mais um outro amigo que era baterista, o Ian Pace.
Afinal como a banda não ía chamar-se Roundbout, era necessário arranjar um nome justificável e para tal nada como usar o nome da música favorita da avó do Ritchie, Deep Purple.

Claro que eu sabia desta mas foi o papzz que me explicou que em Symphony of Swing, um filme exclusivamente musical de 1939, uma banda famosa da época, a de Artie Shaw, toca exactamente esse tema, cantado por outra cantora muito conhecida de então, a Helen Forrest. Era um estilo recente na época, o “swing”. É brutal mas foram temas destes que anos depois por influência dos blues e de uma elevada dose de irreverência vão criar o Rock.

O primeiro álbum dos Deep Purple, Shades of Deep Purple é de meados de 1968 e parte da sua popularidade ficou a dever-se aquele que viria a ser o seu primeiro êxito, o tema Hush, que foi também o primeiro single da banda. Ouvindo o disco, dá para ver que nem tudo é deles. Na realidade nem percebo porque raio é que há um tema de Jimy Hendrix que mesmo sendo Hey Joe, não creio que precisasse de ser adaptado já que o Jimi já fazia por o re inventar vezes demais.
Sempre invulgar é o lançamento de dois álbuns no mesmo ano mas seguindo a biografia dos rapazes encontra-se The Book of Taliesyn em Dezembro. Neste álbum voltam no fundo a “covers” de outras bandas já que voltam a tocar um tema dos Beatles e, quanto a mim, vergonhosamente, de Niel Diamond.
O vocalista inicial era um fulano de nome Rod Evans que tinha tudo a ver com o rock que se fazia, mas nada com as ideias progressistas dos restantes elementos da banda, especialmente de Ritchie Blackmore. Felizmente em Inglaterra também há Deus. Por acaso, o Ritchie estava já em 1969 com um velho amigo, o baterista Mick Underwood, a ver a banda Episode Six que tinha por vocalista um tal Ian Gillan. No fim, o Ritchie mais o Ian Pace juntam-se ao Ian Gillan e desatam de tocar. Juntamente com Jon Lord, estava a nascer uma das fusões mais maravilhosas da história dos princípios do que virá a converter-se um dia na escola do hard rock. Durante um mês seguido não fizeram nada que não fosse tocar.
O pior disto é que agora havia algo que nunca antes tinha acontecido. Duas bandas com formações comuns em parte, e diferentes na globalidade, a tocar ao mesmo tempo. Num estúdio tocavam com uma formação e ao vivo com outra. Para a história das traições fica o facto de especialmente o Evans só ter sabido que havia outro vocalista quando no dia 10 de Julho de 1969 a banda sobe ao palco equipada com o Gillan. Bem, eu podia contar isto com mais detalhe mas a história é tão extensa e complexa que para primeira parte da banda, os seus primórdios, já chega. E já vos falei do Roger Glover? Pois na verdade era o outro amigo do Gillan, também membro dos Episode Six. Recapitulando, agora que temos a banda “como deve ser”, depois de três albuns e toda uma nova sonoridade para dar ao mundo, a banda compõe-se pelo vocalista Ian Gillan, Ritchie Blackmore na guitarra, Roger Glover no baixo, as teclas com Jon Lord e Ian Paice na bateria.
Em Abril de 1970 sai o primeiro álbum com a nova formação. Claro que a sonoridade é muito mais electrónica incluído grandes instrumentais absolutos, como Fools. Durante esse ano e o seguinte não vão a estúdio por nada. Os registos que há são pontuais mas algo de novo surge entretanto, que é o que há quem tenha chamado de duelos entre a guitarra de Ritchie e a voz de Gillan.
Mesmo assim a banda de Hertfordshire até esse momento nunca havia saído de Inglaterra. Há algo de invulgar para fazer que é gravar um álbum de estúdio em condições de ao vivo; num palco sem espectadores. Ritchie Blackmore tinha uma qualidade superior na composição de novos temas e é assim que nasce por exemplo Highway Star que foi escrita numa carreira de autocarro depois de um jornalista ter perguntado como é que eles criavam as suas músicas… We're on the road, we're on the road, we're a rock'n'roll ba-and!
No fim de 1971 a banda chega a Montreux na Suíça onde estava a decorrer o famoso festival. No casino estava a tocar o Frank Zappa. Na última noite em que dava concerto houve uma cena altamente. Alguém incendiou o Casino e Zappa que estava a tocar num sintetizador, um produto novo para a época, para de tocar e grita textualmente “Fogo Artur Brown!” e começa a dar indicações para o público sobre os melhores caminhos a usar para sair. Foi tudo tão bem feitinho que o Roger Glover ainda aproveitou para saltar para o palco no meio do fogo para ir ver o sintetizador; cool… ou HOT.
A banda fica alojada no Grande Hotel de Montreux e para a gravação vão usar o estúdio móvel dos Rolling Stones. Instalaram os instrumentos nos corredores do hotel e começaram a ensaiar. O resultado é que desde esse dia sempre que os Deep tocam ao vivo, pelo menos quatro das sete músicas do disco Machine Head são incluídos no alinhamento, entre os quais o tema que provavelmente é o mais famoso mundialmente, Smoke on the Water.
O tema foi o último a ser gravado. Blackmore tinha inventado um riff que não tinha sido usado em qualquer dos outros temas do albúm e que era conhecido como "durrh-durrh". Não havia letra mas então veio a idéia de escrever sobre o que acontecera na gravação do disco. Gillan afirma que eles estavam num bar quando Roger Glover escreveu num guardanapo o título da música, enquanto olhava para uma foto de um jornal que mostrava fumo do rescaldo do incêndio do casino a correr suavemente sobre a água dos bombeiros.
O Ian Gillan estava contra o título porque achava que ía ser mau porque o pessoal podia associar o título a drogas; pelo menos, cachimbo de água e tal. Mal imaginavam eles que 40 anos depois ainda haveriam de tocar o tema em todos os ao vivo.
Em 1972 gravam ao vivo no Japão o álbum mais famoso da banda, Made in Japan regressando rapidamente para em Itália gravar Who Do We Think We Are.
A pressão é enorme com uma cadencia incrível de espectáculos e por vezes há elementos que se substituiem uns aos outros por adoecerem; the show must go on.
Em 1972 Ian Gillan demite-se da banda garantindo ainda alguns concertos entre os quais um segundo concerto no Japão. Nesse concerto a 23 de Junho de 1973 Jon Lord canta o “Happy Birthday” ao colega Ian Paice e logo de seguida Gillan sobe ao palco e informa o público que a banda acabou.
A banda acaba mas não a empresa que tinha sido criada por ela, a Purple Records.
Afinal há uma fase três. O vocalista e baixista dos Trapeze, Glenn Hughes entrou para o lugar de Gillan. Tinha havido outra hipótese para segundo vocalista com um membro dos Free que acabou por não se concretizar. A banda podia continuar só com quatro elementos mas mesmo assim havia vontade de manter a ideia de um segundo vocalista. Por isso começaram a receber aquilo que chamamos hoje “demos”. No meio disto havia uma de um puto gordo com a cara cheia de espinhas, de nome David Coverdale. Este ser estava condenado a fazer muita gente ficar com a pele arrepiada e deixar muita rapariga a chorar. Tinha abandonado a escola aos quinze anos e tinha uma banda enquanto vendia roupa para boutiques.
Decidiram convida-lo para uma audição. Ao fim de seis horas consecutivas a cantar os temas todos dos Purple, o gorgo ficou; mas nem sabia. Eles tinham gostado tanto dele que estavam a fazer render o peixe. A banda fecha-se num Castelo na Escócia onde Coverdale aproveita para compor umas músicas e uns senhores decidem tratar-lhe da imagem para o por “mais apresentável”. O David só tinha cantado uma vez ao vivo e enquanto se preparava emocionalmente para a ideia de tornar isso quotidiano, a banda volta a Montreux para gravar o álbum Burn. Uma vez mais foi usada a unidade móvel dos Roling Stones que além de muito boa, parecia ter dado alguma sorte no passado.
A banda toca com esta nova formação pela primeira vez na Dinamarca em 9 de Setembro de 1973. O novo álbum só vai sair em 1974.
Ao vivo os dois vocalistas vão levar várias vezes ao limite o possível, chegando Coverdale a ficar intimidado pela qualidade do Hughes. Nesse ano Ritchie Blackmore vai mostar pela primeira vez até onde consegue levar o seu mau humor quando chateado. No Festival California Jam, que tinha uma duração prevista de doze horas, Ritchie queria tocar ainda de dia porque o ao vivo era para filmar. Como anoiteceu, ele partiu uma das câmaras com a sua guitarra e ainda conseguiu fazer explodir um amplificador. O realizador era um fulano conhecido na época por filmar espectáculos ao vivo e tinha no dia antes perguntado ao Ritchie como queria fazer a filmagem e perguntou-lhe se ele fazia alguma intenção de partir a guitarra. A resposta foi textualmente… “sei lá; que merda”; pronto. Assim sendo a guitarra foi e a câmara também.
O novo álbum, Stormbringer não agradou nada ao Ritchie por ter aproximações ao funky. Ele tinha quase trinta anos e isso acelerou a vontade dele de sair para fazer uma outra banda.
Para o lugar dele vem o Tommy Bolin que tinha um pequeno contra. Enquanto toda a formação anterior da banda gostava de copos, este gostava de copos e de droga, por isso, por exemplo, no “Last Concert in Japan”, o rapaz não conseguia tocar porque seu braço estava anestesiado; seringas a mais. Mesmo assim um novo álbum, Come Taste the Band, é editado. Já não chegava e o Hughes passa também a dedicar-se às drogas. Foi uma profunda pena porque o Tommy era mesmo um excelente e reconhecido músico com referencias muito boas até no jazz.
Perante todas estas situações, em 1976 o David Coverdale e o Jon Lord consideram não haver mais possibilidade de continuar com a banda. Nesse mesmo ano o Tommy morreu de overdose em Miami.
O que poderia ter sido o fim, acabou por provocar o germinar de excelentes novos projectos.
O Ian Gillan que entretanto se tinha convertido em vendedor de motos, é convidado pelo Roger Glover para criar uma banda com o seu nome, a Ian Gillan Band, embora a tenha dissolvido mais tarde e junto aos Black Sabath.
Richie Blackmore ainda o vai buscar para integrar a banda dele, os Rainbow. Teve imenso sucesso com essa banda onde até Roger Glover ajudou.
David Coverdale forma os Whitesnake onde também participavam Ian Paice e Jon Lord que durante esse tempo também se dedicou ao clássico, ao jazz e à composição de música para filmes.
Glenn Hughes voltou a constituir os Trapeze onde chegou a contar com a grande, extraordinária participação de Gary Moore.
Bem, em 1984 a saudade, o saber e a vontade reúnem de novo a banda com a formação quase inicial, a da segunda fase com Ian Gillan, Blackmore, Ian Paice, Roger Glover e Jon Lord. Lançam uma colectânea, Perfect Strangers, um álbum ao vivo, Nobody Perfect, e uma treta The House of Blue Light. Lamento mas na realidade ninguém gostou e foi inesperadamente inaceitável para alguém tão brilhante como estes senhores. Gillan sai de novo e para o lugar dele vem o ex Rainbow Joe Lynn Turner. Com ele sai um sofrível Slaves & Masters mas Gillan regressa e já com ele um novo álbum é editado, The Battle Rages On.
O mau feitio do Ritchie Blackmore de vez em quando vem à tona, e depois de severas discussões acaba por reiniciar os Rainbow entrando para o lugar dele Steve Morse, enquanto também começa a colaboração com os Deep um extraordinário virtuoso da guitarra, o Mr Joe Satriani.
Em 1998 sai um bom disco. O álbum chama-se Abandon e antecede a “reforma” de Jon Lord.
A bem dizer a banda não está morta porque ainda há resistentes. Don Airey veio dos Rainbow é com Ian Gillan, Morse Ian Paice e Roger Glover que são editados novos albuns em 2003 e 2005, respectivamente Bananas e Rapture of the Deep. Ambos são acompanhados por tours mundiais estando anunciado para este ano de 2010, um novo tour.

HEIRS


Oi “leitores”.
Afinal estava eu a pensar que ia escrever sobre Amon Amhart, quando o senhor coordenador editorial aqui do Jornal estragou tudo uma vez mais. Enviou-me um EP com um papelinho onde dizia, “ouve bem isto gaja!”
Alguém que se afirma como o casamento do obscuro e do claro, a cor e o desespero do vício contra a exaltação da liberdade, e cito "A vingança é minha, ... diz o Senhor. Portanto, se teu inimigo tiver fome, alimenta-o, se tiver sede, dá-lhe de beber, pois ao fazê-lo encher-lhe à a cabeça com brasas."
Francamente sou burra demais para entender a dimensão da ideia, mas afinal, tal como os Midnight Oil, estes também são australianos o que me dá uma margem de desculpa.
Alchera foi lançado em Maio do ano passado. Entretanto os Heirs iniciam a partir deste Verão um tremendo tour pela Europa. Em 31 de Outubro e 1 de Novembro vão estar em Braga, onde já estiveram uma vez o ano passado, e no Porto. Eu não vou porque nesse fim de semana estou nos copos noutro local, mas tenho o pappy que vai lá beber umas cervejas e depois me manda fotos.
Os Heirs parecem-me passíveis de colocar na classe do dark rock, embora as influencias de alguns dos seus elementos não me dê essa certeza, já que a banda tem na sua composição alguns ex membros dos Whitehorse, de um estilo definitivamente diferente deste, que por vezes raia o instrumental semi industrial.
Logo na abertura fico com essa ideia ao ouvir o primeiro tema. Estava quase a adormecer quando repentinamente tudo muda. Faz quase lembrar uma banda de metal techno alemã com ruídos de vapor a sair no meio de chapas a serem rasgadas. Depois temos o tambor em deep com a bateria em ritmo extremamente cadenciado rápido; completamente godflesh. Li uma passagem de um outro comentário que o classifica como hipnótico industrial. É capaz porque o som é intensíssimo até se desfazer em riffs. No entanto logo de seguida dispara de novo pelo hard industrial.
Aqui ninguém canta nem a solo nem em coro.
Enquanto digo para mim própria, mas que ca… ups, aqui não posso dizer asneiras, mas que coisa tão estranha, entra-se no segundo tema. Estava à espera de algo brutal como uma explosão de uma locomotiva a vapor, quando me saem com uns acordes bué light. Um tema suave em guitarra acompanhado por uma batida leve tipo princípios do rock cinzento. Mesmo assim há outra guitarra meio distorcida que passa de um lado para o outro nos auscultadores. Depois a coisa muda. As guitarras distorcem todas e os efeitos de som explodem. Tal como na faixa anterior, tava a adormecer quando tive que me levantar à pressa. Tudo isto acaba no doom total.
O tema seguinte, “Cabal” é a mesma cena, embora que seja ainda mais melodioso. As guitarras desta vez acabam por entrar todas ao mesmo tempo de uma forma suave, menos o baixo que entra todo distorcido. No fim é brutal porque quando já não há mais som para acrescentar, fica só o baixo; só e suave até se ir.
Mandril, o tema seguinte, segue o mesmo caminho do tema anterior, pese que talvez seja mais dark. Os momentos de som mais grave e denso acho que o provocam. Fiquei a pensar no que ouvi mas há ainda algo que não consigo transpor. A componente rítmica é como que deslocalizada; é como se não tivesse a ver com aquele plano.

JEHTRO TULL



Estava a pensar sobre o que iría escrever desta vez. Entre o metal extremo e o demoníaco, tive cem ideias. Entretanto o queridinho do papzz telefona-me e diz que um amigo dele, provávelmente dos tempos da droga, gostava de me ver escrever sobre Jethro Tull. Ena pá, disse eu, mas alguém escreve sobre uma banda que não arranjou mais nome nenhum senão o do inventor da semeadeira mecânica. As coisas que eu sei… tudo porque o papzz em vez de ir pró futebol com os amigos, passava a vida a contar montes de histórias das coisas mais diversas a mim e à minha irmã.
Bem, então, dedicado ao Pedro Pereira a quem agradeço pelo tempo que perde a ler isto, aqui vai a minha visão da história de Jethro.
Minstrel in the Gallery é o que me atraiu para a banda. Para mim Jethro, a principio, é dificil de se gostar. É como se houvesse um estilo que nunca tivesse sido classificado.
A banda começou nos anos sessenta, sendo fundamentalmente uma banda do circuito de bares. Para conseguirem actuar mais vezes, usavam nomes diferentes. O nome definitivo só fica quando em 1968 assinam finalmente um contrato para a gravação de um disco.
A figura fundamental da banda, pelo seu carisma, é Ian Anderson um escocês que vivia em Blackpool e que trabalhava num centro comercial como assistente de vendas. Entretanto como não se adaptava bem ao cargo foi trabalhar para uma banca de venda de jornais. Li um dia na Melody Maker que ele aproveitava os intervalos do trabalho para pensar em música e compor umas coisitas. Estava-se em 1962 quando a coisa se tornou imparável. Tinha que fazer uma banda e depois de se reunir com uns amigos, nasce The blades, onde tocavam fundamentalmente soul e blues. Algo não funcionou e Ian separa-se dos Blade ao fim de dois ou três anos. Os Blade mudam de nome, adoptando o do teclista John Evan, aliás, John Evan Smash.
Entretanto Ian muda-se para Luton, onde conhece Mick Abrahams, um vocalista guitarrista que vinha de uma outra banda de sucesso muito relativo, os McGregors Engine. Junta-se também Clive Bunker, baterista, e John Cormick, amigo de John Evan que era baixista. Não sonhavam que iríam partilhar os quarenta anos seguintes.
Ian tinha uma vontade muito séria de ser guitarrista mas desistiu da ideia por considerar que nunca conseguiria tocar tão bem como o Eric Clapton. Altamente mesmo, foi por causa disso que trocou a guitarra pela gaita de beiços… cool! Ainda bem que não lhe deu para tocar campaínha de porta ou de passagem de nível. Vá lá que com o passar do tempo desatou a tocar outros instrumentos, e muito bem.
Em disco ou ao vivo é clara a evolução, já que aparece agarrado a saxofone, banjo, teclados e, é claro, pifaro. Fora de brincadeiras, será mesmo que se não fosse esse dia tenebroso em que o Ian viu o Eric Clapton no festival de Newport, a banda tería sido o que foi?
Parte da projecção da banda dá-se nos pricípios dos anos setenta por causa de um album muito bonitinho que o papzz tem lá na casa dele e que dá pelo nome de Aqualung. Por acaso o Ian tinha-se casado mais ou menos com uma fotografa, a Jennie Franks que escreveu quase todas as letras desse album; deu muito jeito.
Ian fartou-se de ouvir a fotografa, especialmente depois de ter conhecido um serzinho muito belo que dava pelo nome de Shona Learoyd, que além de ter um corpinho para usar roupa com números pequeninos, também foi uma forte inspiração para que Ian assentasse. Dessa eterna ligação nasceram dois filhos. Um rapaz que depois de grandinho também se dedicou música e uma filhota toda virada para o cinema.
O último album saíu a solo em 2005 com o título Ian Anderson Plays the Orchestral Jethro Tull.
Lamento mas não sei porque é que escolheram para a banda o nome Jethro Tull, o inventor da máquina de semear, mas que neste caso o nome foi uma sementeira de exitos de um valor superior na criatividade musical.
Já chega Pedro?... ok vou escrever agora sobre uma banda onde ninguém toca pifaro, os Amon Amarth.

MIDNIGHT OIL

Time for Climate Justice

Estava a ouvir a adaptação do tema Beds are Burning dos Midnight Oil para a campanha “Time for the Climate Justice”, essa acção lançada pelo Kofi Annan e que pertende tentar apelar para o bom senso mundial no que diz respeito à atitude ambiental… aquilo que tantos dizem apoiar mas que lhes é indiferente. Afinal quem corre o risco de morrer são os netos. Eles já cá não estarão para ver e a família se para a maior parte das pessoas não é um legado, certamente no futuro ninguém os culpará.
O tema Beds are Burning é cantado por 60 artistas Duran Duran, Mark Ronson, Jamie Cullum, Melanie Laurent, Marion Cotillard, Milla Jovovich, Fergie, Lily Allen, Manu Katche, Bob Geldof é claro, Youssou N’Dour, Yannick Noah. Foi escrito de novo pelos próprios Midnight Oil de forma a que o poema transmita a enorme crise humanitária que se apresenta actualmente, o problema climático global.
A ideia antecedeu a conferencia de Copenhaga que tornou a dar em batatas, mas ficou uma pedra mais na tentativa de fazer acordar quem não quer saber ou que se afirmando como preocupado nada faz e não sai de cima.
O tema acaba por ser o hino da TckTckTck, a campanha que foi fundada pelo próprio Mr Annan com o apoio do Forum Humanitário Mundial.


Midnight Oil "to me"
O pessoal entendido em história da música classifica os Midnight Oil como tendo “nascido” em 1976 na Austrália.
Para mim nasceram dentro do carro, quando o meu pai punha o rádio mais alto e cantava aos gritos Beds Are Burning.
O inicio deve-se ao resultado da união do guitarrista Martin Rotsey com outros três rapazes locais, Jim Moginie, Rob Hirst e Peter Garrett membros de uma banda chamada The Farm onde entre 1971 e esse ano tinham havido uns quantos cataclismos existenciais. Foi em 1976 que provávelmente numa noite encontraram petróleo, mudarando de nome para Midnight Oil.
O primeiro album deles saíu sem titulo, embora fosse conhecido pelos fãs como The Blue Meanie. Estava-se em 1978 e logo no ano seguinte em Outubro saíu Head Injuries. Embora o sucesso não fosse grande, a forte participação ao vivo criou uma razoável ceita de seguidores.
Em 1980 o Andrew James foi à vida tendo sido substituido pelo Peter Gilford. Nesse ano sai também o terceiro album, Bird Noises.
Em 1981 a banda vôa de Sidney para Londres de Boeing 747 para irem gravar com um ser extra, o produtor Glyn Johns, que se forem ver, aparece montes de vezes nas letras pequeninas por trás dos discos dos Roling Stones ou dos the Who. Quer isto dizer, quando vêem o CSI até ao fim e ouvem o We Won’t Get Fooled Again no fim, podem ficar muito contentes porque o produtor já era o Johns; acho eu. Foi assim que nasceu em Novembro Place Without a Postcard, um album que vai ser lembrado por Armistice Day e Don't Wanna Be the One. É com este album que se começa a revelar uma certa atitude interventiva da banda no meio politico.
Em 1982 andam de novo de avião para Londres onde se juntam a um novo membro que vai revolucionar a banda. Nick Launay é a pessoa, o jovem experimentalista digital que vai dar um novo complemento a letras que cada vez mais crescem de conteúdo. O album 10,9,8,7,6,5,4,3,2,1 de Novembro de 1982 é classificado como um dos mais incriveis albus jamais gravados. Eu não acho nada de tão grandioso mas o facto é que Power and the Passion, US Forces e Short Memory tornam-se clássicos.
Em 1984 sai Red Sails in the Sunset, com a mesma produção mas editado no Japão. Kosciusko e Best of Both Worlds são os meus temas favoritos, embora também do público em geral.
Em 1985 o Peter Garret envolve-se directamente em questões ligadas ao desarmaneto nuclerar, enquanto a banda lança um EP, Species Deceases de onde sobressai o tema Hercules.
A partir daí a história da banda vai continuar por caminhos absolutamente invulgares, juntando-se a bandas aborigenes australianas, com especial relevo para The Warumpi Band. Estávamos em 1986 e essas experiencias levaram à escrita de um livro e realização de um documentário onde se mostrou as diversas facetas positivas e mais negativas da ideia. O impacto social foi intenso e daí nasceu um novo disco, Diesel and Dust. É deste album os temas Dead Heart, Dreamworld, e o famoso Beds are Burning tema agora utilizado na campanha ambiental lançada por Kofi Annan, referida na caixa junto a este texto.
Diesel and Dust foi multi platinium nas vendas.
Já em 1990 Blue Sky Mining com temas tipo One Country, Blue Sky Mine, e Forgotten Years, revela uma banda que mantem a sua fidelidade à qualidade da escrita e dos poemas, uma visão internacional. Realce para a atitude e presença de Bones Hillman o terceiro baixo que se revela um extremo talento.
Depois de 15 anos consecutivos de trabalho, a banda refreia a sua atitude no principio dos anos noventa.
Em 1992 eu nasci e eles lançaram Scream in Blue um album ao vivo seguido em 1993 de outro, bem mais fraco sonoramente, Earth and Sun and Moon. Breathe de 1996 mantem-se fiel aos seus principios sem que haja entretanto nada significativo a revelar.
Em 1997 laçam 20000 Watt RSL - The Midnight Oil Collection onde se recordam 16 temas de top e se juntam What Goes On e White Skin Black Heart, temas novos, nunca editados antes. O album é de imediato número 1 nos “charts” mantendo-se como uma das mais poderosas forças do rock puro australiano, a par, por exemplo, com os ACDC.
Desde os tempos da aventura aborigene que Wayne Livesey era o produtor da banda e é de novo em 1998 após um realinhamento da banda que antecede Redneck Wonderland.
Em 2000 os Midnight Oil participam no album Liberdade, um album para angariar fundos para o povo de Timor Leste. O tema é Say Your Prayers, que também sai em The Real Thing, o novo album que usa como título a recriação de um tema australiano com o mesmo nome, editado em 1968.
Em 2000 no encerramento dos Jogos olímpicos de Sidney, os Midnight interpretam Beds Are Burning sendo vistos por milhões de pessoas no mundo inteiro.
Capricornia sai em 2002 sendo seguido de um tour promocional pelos Estados Unidos e Austrália.
No fim desse ano, Peter Garret reforma-se com a banda, referindo que para a sua vida os últimos 25 anos tinham sido de uma enorme participação e intervenção, estando certo que tinha contribuído à sua maneira para o sentido de vida de quem os ouvia.
Em 29 de Janeiro de 2005 os Midnight Oil juntaram-se de novo para participarem no Sydney Cricket Ground num concerto de angariação de fundos para apoiar as vitimas do “tsunami” que atingiu a Indonésia.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Vicious Five


Falar de Vicious Five ao fim de cinco anos é uma necessidade.
Já ouviram? Ups, pois é treta comercial e ainda por cima são portugueses. Não não pessoal; estão enganados. Nada comercial; som do coração!
A banda é composta pelo vocalista Joaquim Albergaria, os guitarristas Bruno Cardoso e Edgar Leito, o baixista Rui Mata e o baterista Paulo Segadães.
A banda tem editados até ao momento três albums. The Electric Chants of the Disenchanted e Up On The Walls foram os primeiros, aos quais se seguiu recentemente Sounds Like Trouble.
Realmente Sounds Like Trouble assenta que nem uma luva. As vossas mães e os vizinhos vão-vos arranjar sarilho se vocês não baixam o volume.
Mas para se conhecer por alto estes Vicious há que voltar um pouco atrás. Curtamos então.
A banda tem atitude entre o punk e o rock e há quem os classifique hardcore. O Joaquim Albergaria tem uma força em palco de partir completamente. É que, desculpa querido, mas pronto, olhas para o espelho e não era isso que esperavas de ti.
Há uns tempos li alguém que escrevia sobre ele que quem o viu ao vivo, de certeza reparou no sempre entusiasta vocalista. Não há quem para o homem. O primeiro disco dos The Vicious Five chama-se Up On The Walls foi um documento pós-punk com tempero rock. Faz-me lembrar umas cenas perdidas no vinil dos anos oitenta.
Os Vicious são uma curte. Eles ensinam-nos a respeitar uma banda antes de a ouvir. São uma banda a abrir com um balanço muito potente.
A primeira vez que os ouvi, juro, disse para mim, este puto vai dizer olá mamã que tou aqui.
A sua ascendencia do hardcore se for tão real como alguns afirmam pode justificar a atitude menos conformista.
Eu sei que é estranho mas o Bill Alley quando escreveu o Rock Arroud the Clock, queria escrever uma música que não fosse possível de dançar. Se não for assim, escrevam ao meu Papzz e chamem-lhe nomes que foi ele que me contou a cena. Ouvir Vicious e pensar em dançar obriga a uma análise introspectiva; serei mesmo capaz de dançar?
Kool; yes. É claro que sim. É tudo uma questão de espírito e vontade.
No meio disto é inesperado encontrar uma banda como os Vicious editada pela Loop Records, uma editora da área do hip-hop, mas que entretanto editou bandas como Camarão ou Mecanosphere. Tá-se bem.
Se há Vicious para o futuro? Acho que sim. Afinal no Festival Sudoeste do ano passado, quando o entusiasmo e cansaço tavam no topo, último dia, estes rapazes desconhecidos para a maioria tiveram um montalhão de people a segui-los.
Um conselho que vos dou pessoal, em vez de tarem aqui a perder tempo a ler vão a net ver onde é o próximo concerto deles e fiquem Vicious dos Five.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

LUX FERRE... quando o coração e a mente se fundem



Lux Ferre foi criada em 2001 pelo Devasht e pelo Baal Sabbath tendo nesse mesmo ano lançado o EP Wicked Riffs of War. Em 2003 sai Unholy Ascendence of Satan, uma edição muito limitada da War productions. A tremenda aceitação deste Demo foi tal que levou à subsquente edição de Kuit of the Black Flame.
No fim de 2003 é editada uma compilação de Black Metal, Lusitania Dark Horde, onde participam com um tema.
Em Dezembro do ano seguinte depois de se terem mudado para a Ketzer Reckord lançam Antichristian War Propaganda o que permitiu a Lux Ferre abrir com mais facilidade para os desempenhos ao vivo.
Em 2005 Lux Ferre sai em Tour com Cirith Gorgor e Daemonlord enquanto lançam Acerbus Mortis.
Após uma pausa, entra um novo membro guitarrista, Pestilens dos Penitência. Como compositor vem trazer a Lux Ferre a possibilidade de levar para novos níveis o pensamento mais negro da condição humana. Durante a gravação do album Vilkacis (Ars Diavoli, Malleus) Pestilens junta-se definitivamente à formação de Lux Ferre.
Atrae Materi Monumentum é o novo trabalho lançado há dias e que tenho estado a ouvir atentamente.


No Cd que recebi, Pestilens escreveu à mão... Nada é perfeito; até os loucos erram.

Eu não serei louca mas dificilmente conseguirei acertar neste verdadeiro Monumentum.
A faixa que dá nome ao CD é uma das que mais me tocou. Passagens como “matéria negra que respiramos, puro sangue negro, monumentos de doença”... “corações sólidos de pedra, sem vida... na minha dor e no teu fim encontro a salvação” “sou o mal inevitável, sou o monumento”... ou... “Pensamento, inercia, a solidão do meu ser. Abraço em lágrimas a situação que criei. Tudo isto foi meditado, planeado, com um fim... qual massa, qual névoa?... Não há dor, não há morte. Sómente o vazio, a minha saudade. Somente um objectivo, o meu adeus.
Qu’é que foi? Qu’é que querem? Ouvir isto, esta letra escrita à mão pelo Devasht. Foi o Papzz que me contou de um mail trocado com ele. Tem que se entender que quando se escreve à mão é o nosso tremor, suor, calor que vai junto na caneta e escorre sobre o papel.
Passe a hipotética aberração de expressão mas Atrae Materi Monumentum fez-me lembrar pela sua força algo como a construção das pirâmides.
Das coversas que o Papzz teve com outro membro da banda o Pestilens, ficou-me uma passagem que ele me enviou... “Nem tem nada haver com afronta ou ataque, apenas queremos fazer o nosso material bem unico, tentar alcançar o nome de arte e se alguem não gostar, então pronto , nada nos vai fazer parar ,nem haver os tais orgulhos feridos como muitas bandas o têm , que com qualquer coisinha que nao gostem do som deles , parecem bebés a chorar.
Quando o Pestilens disse ao Pappz “Espero que consigas sentir alguma diferença através do nosso som, essa humildade, esses pés na terra e acima de tudo a nossa humildade por o que fazemos.” não podia ter forma mais simples de me ajudar na tentativa da conclusão de uma ideia.
Thanks Lux Ferre; és o meu herói Papzz.