segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Vicious Five


Falar de Vicious Five ao fim de cinco anos é uma necessidade.
Já ouviram? Ups, pois é treta comercial e ainda por cima são portugueses. Não não pessoal; estão enganados. Nada comercial; som do coração!
A banda é composta pelo vocalista Joaquim Albergaria, os guitarristas Bruno Cardoso e Edgar Leito, o baixista Rui Mata e o baterista Paulo Segadães.
A banda tem editados até ao momento três albums. The Electric Chants of the Disenchanted e Up On The Walls foram os primeiros, aos quais se seguiu recentemente Sounds Like Trouble.
Realmente Sounds Like Trouble assenta que nem uma luva. As vossas mães e os vizinhos vão-vos arranjar sarilho se vocês não baixam o volume.
Mas para se conhecer por alto estes Vicious há que voltar um pouco atrás. Curtamos então.
A banda tem atitude entre o punk e o rock e há quem os classifique hardcore. O Joaquim Albergaria tem uma força em palco de partir completamente. É que, desculpa querido, mas pronto, olhas para o espelho e não era isso que esperavas de ti.
Há uns tempos li alguém que escrevia sobre ele que quem o viu ao vivo, de certeza reparou no sempre entusiasta vocalista. Não há quem para o homem. O primeiro disco dos The Vicious Five chama-se Up On The Walls foi um documento pós-punk com tempero rock. Faz-me lembrar umas cenas perdidas no vinil dos anos oitenta.
Os Vicious são uma curte. Eles ensinam-nos a respeitar uma banda antes de a ouvir. São uma banda a abrir com um balanço muito potente.
A primeira vez que os ouvi, juro, disse para mim, este puto vai dizer olá mamã que tou aqui.
A sua ascendencia do hardcore se for tão real como alguns afirmam pode justificar a atitude menos conformista.
Eu sei que é estranho mas o Bill Alley quando escreveu o Rock Arroud the Clock, queria escrever uma música que não fosse possível de dançar. Se não for assim, escrevam ao meu Papzz e chamem-lhe nomes que foi ele que me contou a cena. Ouvir Vicious e pensar em dançar obriga a uma análise introspectiva; serei mesmo capaz de dançar?
Kool; yes. É claro que sim. É tudo uma questão de espírito e vontade.
No meio disto é inesperado encontrar uma banda como os Vicious editada pela Loop Records, uma editora da área do hip-hop, mas que entretanto editou bandas como Camarão ou Mecanosphere. Tá-se bem.
Se há Vicious para o futuro? Acho que sim. Afinal no Festival Sudoeste do ano passado, quando o entusiasmo e cansaço tavam no topo, último dia, estes rapazes desconhecidos para a maioria tiveram um montalhão de people a segui-los.
Um conselho que vos dou pessoal, em vez de tarem aqui a perder tempo a ler vão a net ver onde é o próximo concerto deles e fiquem Vicious dos Five.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

LUX FERRE... quando o coração e a mente se fundem



Lux Ferre foi criada em 2001 pelo Devasht e pelo Baal Sabbath tendo nesse mesmo ano lançado o EP Wicked Riffs of War. Em 2003 sai Unholy Ascendence of Satan, uma edição muito limitada da War productions. A tremenda aceitação deste Demo foi tal que levou à subsquente edição de Kuit of the Black Flame.
No fim de 2003 é editada uma compilação de Black Metal, Lusitania Dark Horde, onde participam com um tema.
Em Dezembro do ano seguinte depois de se terem mudado para a Ketzer Reckord lançam Antichristian War Propaganda o que permitiu a Lux Ferre abrir com mais facilidade para os desempenhos ao vivo.
Em 2005 Lux Ferre sai em Tour com Cirith Gorgor e Daemonlord enquanto lançam Acerbus Mortis.
Após uma pausa, entra um novo membro guitarrista, Pestilens dos Penitência. Como compositor vem trazer a Lux Ferre a possibilidade de levar para novos níveis o pensamento mais negro da condição humana. Durante a gravação do album Vilkacis (Ars Diavoli, Malleus) Pestilens junta-se definitivamente à formação de Lux Ferre.
Atrae Materi Monumentum é o novo trabalho lançado há dias e que tenho estado a ouvir atentamente.


No Cd que recebi, Pestilens escreveu à mão... Nada é perfeito; até os loucos erram.

Eu não serei louca mas dificilmente conseguirei acertar neste verdadeiro Monumentum.
A faixa que dá nome ao CD é uma das que mais me tocou. Passagens como “matéria negra que respiramos, puro sangue negro, monumentos de doença”... “corações sólidos de pedra, sem vida... na minha dor e no teu fim encontro a salvação” “sou o mal inevitável, sou o monumento”... ou... “Pensamento, inercia, a solidão do meu ser. Abraço em lágrimas a situação que criei. Tudo isto foi meditado, planeado, com um fim... qual massa, qual névoa?... Não há dor, não há morte. Sómente o vazio, a minha saudade. Somente um objectivo, o meu adeus.
Qu’é que foi? Qu’é que querem? Ouvir isto, esta letra escrita à mão pelo Devasht. Foi o Papzz que me contou de um mail trocado com ele. Tem que se entender que quando se escreve à mão é o nosso tremor, suor, calor que vai junto na caneta e escorre sobre o papel.
Passe a hipotética aberração de expressão mas Atrae Materi Monumentum fez-me lembrar pela sua força algo como a construção das pirâmides.
Das coversas que o Papzz teve com outro membro da banda o Pestilens, ficou-me uma passagem que ele me enviou... “Nem tem nada haver com afronta ou ataque, apenas queremos fazer o nosso material bem unico, tentar alcançar o nome de arte e se alguem não gostar, então pronto , nada nos vai fazer parar ,nem haver os tais orgulhos feridos como muitas bandas o têm , que com qualquer coisinha que nao gostem do som deles , parecem bebés a chorar.
Quando o Pestilens disse ao Pappz “Espero que consigas sentir alguma diferença através do nosso som, essa humildade, esses pés na terra e acima de tudo a nossa humildade por o que fazemos.” não podia ter forma mais simples de me ajudar na tentativa da conclusão de uma ideia.
Thanks Lux Ferre; és o meu herói Papzz.