terça-feira, 24 de agosto de 2010

HEIRS


Oi “leitores”.
Afinal estava eu a pensar que ia escrever sobre Amon Amhart, quando o senhor coordenador editorial aqui do Jornal estragou tudo uma vez mais. Enviou-me um EP com um papelinho onde dizia, “ouve bem isto gaja!”
Alguém que se afirma como o casamento do obscuro e do claro, a cor e o desespero do vício contra a exaltação da liberdade, e cito "A vingança é minha, ... diz o Senhor. Portanto, se teu inimigo tiver fome, alimenta-o, se tiver sede, dá-lhe de beber, pois ao fazê-lo encher-lhe à a cabeça com brasas."
Francamente sou burra demais para entender a dimensão da ideia, mas afinal, tal como os Midnight Oil, estes também são australianos o que me dá uma margem de desculpa.
Alchera foi lançado em Maio do ano passado. Entretanto os Heirs iniciam a partir deste Verão um tremendo tour pela Europa. Em 31 de Outubro e 1 de Novembro vão estar em Braga, onde já estiveram uma vez o ano passado, e no Porto. Eu não vou porque nesse fim de semana estou nos copos noutro local, mas tenho o pappy que vai lá beber umas cervejas e depois me manda fotos.
Os Heirs parecem-me passíveis de colocar na classe do dark rock, embora as influencias de alguns dos seus elementos não me dê essa certeza, já que a banda tem na sua composição alguns ex membros dos Whitehorse, de um estilo definitivamente diferente deste, que por vezes raia o instrumental semi industrial.
Logo na abertura fico com essa ideia ao ouvir o primeiro tema. Estava quase a adormecer quando repentinamente tudo muda. Faz quase lembrar uma banda de metal techno alemã com ruídos de vapor a sair no meio de chapas a serem rasgadas. Depois temos o tambor em deep com a bateria em ritmo extremamente cadenciado rápido; completamente godflesh. Li uma passagem de um outro comentário que o classifica como hipnótico industrial. É capaz porque o som é intensíssimo até se desfazer em riffs. No entanto logo de seguida dispara de novo pelo hard industrial.
Aqui ninguém canta nem a solo nem em coro.
Enquanto digo para mim própria, mas que ca… ups, aqui não posso dizer asneiras, mas que coisa tão estranha, entra-se no segundo tema. Estava à espera de algo brutal como uma explosão de uma locomotiva a vapor, quando me saem com uns acordes bué light. Um tema suave em guitarra acompanhado por uma batida leve tipo princípios do rock cinzento. Mesmo assim há outra guitarra meio distorcida que passa de um lado para o outro nos auscultadores. Depois a coisa muda. As guitarras distorcem todas e os efeitos de som explodem. Tal como na faixa anterior, tava a adormecer quando tive que me levantar à pressa. Tudo isto acaba no doom total.
O tema seguinte, “Cabal” é a mesma cena, embora que seja ainda mais melodioso. As guitarras desta vez acabam por entrar todas ao mesmo tempo de uma forma suave, menos o baixo que entra todo distorcido. No fim é brutal porque quando já não há mais som para acrescentar, fica só o baixo; só e suave até se ir.
Mandril, o tema seguinte, segue o mesmo caminho do tema anterior, pese que talvez seja mais dark. Os momentos de som mais grave e denso acho que o provocam. Fiquei a pensar no que ouvi mas há ainda algo que não consigo transpor. A componente rítmica é como que deslocalizada; é como se não tivesse a ver com aquele plano.

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